quarta-feira, 30 de julho de 2014

Elio Gaspari - O aeroporto e a paciência imperial de Aécio Neves

A impaciência imperial de Aécio





Às favas os escrúpulos com a história do aeroporto de Cláudio. O avô de Aécio, Tancredo Neves, construiu uma pista de pouso de terra em Cláudio (MG), nos domínios da família de sua mulher, Risoleta. (Preço: R$ 500 mil em dinheiro de hoje, da Bolsa da Viúva.) Mais de 20 anos depois, seu neto Aécio desapropriou a área e fez uma nova pista no melhor padrão da modernidade. (Preço: R$ 13,9 milhões, novamente da Viúva.) A pista fica a 6 km da fazenda da Mata, onde ele costuma repousar.
Diante da denúncia, o candidato justificou-se dizendo que as terras não eram de sua família. Claro, o novo aeroporto só poderia ser construído se elas pertencessem ao Estado. Em seguida, o tucanato disse que isso era coisa de petista, vazamento. Falso. Toda a documentação do caso é pública. Era um competente serviço do repórter Lucas Ferraz. (nota do blogger: ver reportagem em Aécio e o aeroporto. Noutra linha, Aécio informou que o aeroporto, localizado a 32 km em linha reta de outro já equipado, fazia parte do programa de modernização dos transportes de sua gestão. Tudo bem, mas, em todo o Estado, só concluiu dois, o de Cláudio e o da Zona da Mata.
Desde que o caso foi revelado, no dia 20, Aécio Neves repete: "Está tudo esclarecido". Chega a incomodar-se com perguntas: "De novo?" Às favas os escrúpulos com a história do aeroporto de Cláudio. Aécio poderá impedir que o PT se mantenha no poder por 16 anos, e isso basta.
Se Aécio Neves fosse um senador ou apenas ex-governador de Minas, o assunto poderia ir para o gavetão de casos pendentes, onde estão outras questões. Por exemplo: a refinaria de Pasadena, as traficâncias do doleiro Youssef, os guardanapos de Sérgio Cabral e o cartel da Alstom. Coisa de petistas, peemedebistas e tucanos. A diferença está no fato de que ele é candidato a presidente da República. A sua atitude em relação ao episódio instrui o julgamento que se faz de sua postulação, refletindo-se sobre o que faria se episódios semelhantes acontecessem quando ele estivesse no Planalto. "De novo?" e "está tudo esclarecido" são impaciências imperiais.
A pista de Cláudio incomoda, mas deriva de uma visão patrimonialista do poder. A impaciência imperial é bem outra coisa. Reflete, a um só tempo, a ideia de que, seja o que for que se discute, daqui a um mês o assunto estará esquecido, ou ainda que manda quem pode e obedece quem tem juízo, inclusive parando de perguntar o que não deve. Trata-se de um erro crasso de conduta política, até mesmo de marquetagem.
Uma pessoa pode querer votar em Aécio porque não engole as explicações do comissariado para o mensalão, as petrorroubalheiras e o aparelhamento do Estado pelos petistas. Prefere Aécio porque tem uma esperança. Esse eleitor pode ter seguido a vida de Lula indo do pau de arara ao fusca e dele aos aviões de carreira. Sofre ao vê-lo nos jatinhos de empreiteiras. A esperança era de vidro e se quebrou.
Agora, ele tem outra: Aécio. Se o aeroporto em Cláudio é tudo o que se pode dizer contra seu candidato, ele ainda acredita que seja a melhor aposta. Há sempre um momento em que pode ser preferível mandar às favas alguns escrúpulos, mas, quando um candidato à Presidência da República veste o manto da impaciência imperial, a vítima de sua atitude é a esperança dos outros.

Elio Gaspari, nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística. Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por 'As Ilusões Armadas', formidável obra sobre a ditadura militar, cuja última edição está disponível em meio eletrônico para tablets.

Obtido de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2014/07/1493072-a-impaciencia-imperial-de-aecio.shtml

Todos os direitos reservados a Elio Gaspari e à Folha de São Paulo. O propósito deste post é levar informação a comunidades carentes que teem acesso limitado à mídia e à internet. Se não for o seu caso, prefira acessar o link acima.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Construtora do aeroporto na fazenda do titio do Aecio doou para sua campanha

Obtido de: http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,empreiteira-que-fez-aeroporto-em-minas-doou-para-aecio,1532113

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Todos os direitos reservados ao jornal O Estado de São Paulo e ao jornalista Marcelo Portela .

Empreiteira que fez aeroporto em Minas doou para Aécio

MARCELO PORTELA - O ESTADO DE S. PAULO
21 Julho 2014 | 05h 00

Tucano e seu afilhado político, Antonio Anastasia (PSDB), receberam recursos da empresa nas campanhas de 2006 e 2010


Alterado às 14h10
A empresa responsável pelas obras no aeroporto de Cláudio (MG), Vilasa Construções Ltda., doou recursos para Aécio Neves (PSDB) em sua campanha à reeleição ao governo de Minas em 2006. A mesma empreiteira também desembolsou dinheiro quatro anos depois, para a campanha do afilhado político de Aécio, Antonio Anastasia (PSDB), que venceu a disputa pelo Estado e manteve os tucanos no comando de Minas. (nota do blogger: ver reportagem sobre aeroporto a seguir.)
As doações de R$ 67 mil para Aécio em 2006 e de R$ 20 mil a Anastasia em 2010 foram registradas na Justiça Eleitoral. Eles foram os únicos candidatos majoritários a receber recursos da Vilasa nas duas eleições em Minas. Aécio declarou na Justiça gastos de R$ 19,4 milhões naquela campanha. Anastasia declarou despesas de R$ 38 milhões em 2010.
O aeroporto na cidade de Cláudio foi construído pela Vilasa entre 2009 e 2010 em um terreno que já pertenceu a Múcio Tolentino, tio-avô do candidato à Presidência. A empresa foi contratada pelo governo estadual, que desapropriou a área antes da obra, mas os parentes de Aécio questionam o valor da indenização. A obra custou quase R$ 14 milhões.
A pista não tem autorização para ser usada, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mas, de acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo, parentes de Aécio dizem que ela recebe voos toda semana e o próprio candidato já fez uso dela. O aeroporto foi construído sobre uma antiga pista de terra batida aberta em 1983, quando Tancredo Neves, avô de Aécio, era governador e Múcio, seu tio-avô, prefeito de Cláudio.
O Estado tentou falar com representantes da empresa na noite desta segunda-feira, 21, sem sucesso. A assessoria de imprensa de Aécio e de Anastasia informaram que as doações da empreiteira às campanhas foram feitas de forma legal e declaradas à Justiça, como exige a lei.

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Obtido de: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,minas-fez-aeroporto-em-fazenda-de-tio-de-tucano-imp-,1531330

Minas fez aeroporto em fazenda de tio de tucano

O ESTADO DE S.PAULO
20 Julho 2014 | 02h 02

Obra dentro de fazenda que pertence a Múcio Guimarães Tolentino, tio-avô de Aécio Neves, custou R$ 13,9 milhões

O governo de Minas Gerais gastou R$ 13,9 milhões na construção de um aeroporto dentro de uma fazenda que pertence a um tio-avô do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves. A obra teve início no segundo mandato do tucano como governador do Estado. segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
O aeroporto foi construído no município de Cláudio, a 150 quilômetros de Belo Horizonte, em terreno que pertence a Múcio Guimarães Tolentino, de 88 anos. Ele é irmão da viúva de Tancredo Neves, Risoleta Tolentino Neves, morta em 2003.
Aécio, sua mãe e suas irmãs são proprietários de uma fazenda na cidade, situada a 6 quilômetros do aeroporto. Concluído em 2010, o aeroporto ainda não foi homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para uso público e o acesso é controlado pelos donos da fazenda.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o tucano disse que a construção do aeroporto de Cláudio seguiu critérios técnicos e que a escolha da área permitiu que a obra fosse feita com o "menor custo para o Estado". No local já existia uma pista de pouso de terra, construída em 1983, quando Tancredo era governador de Minas e Múcio Tolentino, prefeito de Cláudio.
A obra foi executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop) e faz parte de um programa lançado por Aécio para aumentar o número de aeroportos de pequeno e médio porte em Minas. Dos 29 aeroportos que receberam investimento do Estado entre 2003 e 2014, seis não foram homologados pela Anac.
A área do aeroporto foi desapropriada pelo governo de Minas, que fez um depósito judicial de R$ 1 milhão pelo terreno. O tio de Aécio contesta o valor.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Carta Capital: O aeroporto na fazenda do titio

Denúncia

Governo de Minas fez aeroporto em terreno que era de tio de Aécio Neves

Segundo jornal, quase 14 milhões de reais foram gastos na obra; Candidato nega ter beneficiado família
por Redação — publicado 20/07/2014 15:59 
 
No final do segundo mandato de Aécio Neves no governo de Minas Gerais, o estado gastou quase 14 milhões de reais para construir um aeroporto dentro de uma fazenda de um tio do então governador.
Segundo informações do jornal Folha de São Paulo, Múcio Guimarães Tolentino, 88, tio-avô do senador e ex-prefeito de Cláudio, é quem controla o acesso ao aeroporto construído em 2010. Para usá-lo, apesar do aporte público, é necessário a sua autorização. Ainda de acordo com a reportagem, o local recebe menos de um voo por semana. O atual candidato à presidência pelo PSDB usa o aeroporto sempre que visita a cidade. Antes da licitação, o estado desapropriou a área. Tolentino não ficou satisfeito com o valor acertado e o contesta na Justiça.
Em nota, a assessoria de Aécio Neves contestou a reportagem. “Não houve nenhum tipo de favorecimento na implantação das melhorias na pista de pouso de Cláudio como insinua a reportagem. (...) Todas as atitudes do governo de Minas Gerais referentes ao aeroporto de Cláudio se deram dentro da mais absoluta transparência e lisura,” diz a nota.
A nota também afirma que a prática de manter as chaves de um aeroporto nas mãos de alguém é comum no interior do país. “É também lamentável que a reportagem não tenha registrado que aeroportos locais (que não possuem voos comerciais) ou pistas de pouso fechadas são prática comum em aeroportos públicos, no interior do país, como forma de evitar invasões e danos na pista que possam oferecer riscos à segurança dos usuários. Ao ignorar esse fato, a reportagem deu a entender que o acesso à pista feito de forma controlada no município de Cláudio constitui algum tipo de exceção.

Obtido de: http://www.cartacapital.com.br/blogs/carta-nas-eleicoes/governo-de-minas-fez-aeroporto-em-terreno-que-era-de-tio-de-aecio-neves-5783.html
 

Aeroporto do titio: "Critérios adotados pelo governo foram técnicos."

Critérios adotados pelo governo foram técnicos, diz Aécio



O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que a construção do aeroporto de Cláudio seguiu critérios técnicos, e que o governo de Minas não levou em consideração o fato de o proprietário do terreno ter parentesco com ele.
A assessoria ressaltou que, durante o processo de definição e execução da obra, não houve qualquer gestão pessoal de Aécio, que governou Minas Gerais de 2003 a 2010.
"Não se levou em conta de quem era a propriedade do terreno. É importante observar que a desapropriação da área contrariou o interesse do antigo proprietário, que move ação na Justiça contra o Estado", diz a nota, referindo-se à disputa judicial em curso entre o Estado e o tio-avô do senador, Múcio Tolentino.
Ainda segundo Aécio, o terreno onde foi construído o aeroporto foi escolhido por apresentar as "condições topográficas" ideais e permitir que a obra fosse feita com o "menor custo para o Estado".

Local do aeroporto



"Houve, inclusive, aproveitamento da área onde existia pista de pouso", afirma a nota. A pista de pouso de terra, que existiu por 25 anos na fazenda de Múcio, foi construída pelo governo de Minas quando o governador era Tancredo Neves, avô de Aécio.
O presidenciável preferiu não responder algumas das perguntas enviadas pela Folha, como o número de vezes que usou o aeroporto desde que a obra ficou pronta, em 2010, e o motivo pelo qual o local, construído com dinheiro público, tem uso privado.
O senador também não respondeu por que o aeroporto não foi inaugurado até hoje.
O governo de Minas também ressaltou que a obra foi feita seguindo critérios técnicos e que, no episódio, prevaleceu "exclusivamente o interesse público". Segundo o Estado, a obra foi "muito mais barata" por ter aproveitado a pista que já existia na fazenda do tio de Aécio.
"A área foi indicada pelo setor especializado do governo", diz a nota do governo. "Foi a opção mais correta do ponto de vista técnico e de custos." Segundo o governo estadual, o aeroporto de Cláudio "é de uso público e aguarda a homologação junto à Anac", cujo processo foi encaminhado em 2011.
Dos 29 aeroportos que receberam investimentos do Estado entre 2003 e 2014, seis ainda não foram homologados pela agência, segundo a assessoria do governo.
A Anac informou à Folha que o processo de homologação do aeroporto de Cláudio não pode ser feito enquanto o governo estadual não completar seu cadastro no órgão.
Sobre a desapropriação do terreno de Múcio Tolentino, o governo mineiro disse que "não houve acordo" com o fazendeiro. "Ele não concordou com o valor fixado para a desapropriação e foi à Justiça pleiteando um valor maior. A posse do terreno pertence ao Estado", diz a nota.
O governo de Minas afirmou ainda que é "natural" que "várias obras de interesse público sejam realizadas em áreas particulares", antes mesmo do processo de desapropriação ser concluído.

 Obtido de: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/07/1488592-criterios-adotados-pelo-governo-foram-tecnicos-diz-aecio.shtml

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Aécio constroi aeroporto em fazenda do tio - "Aeroporto não beneficiou familiares."

Aeroporto não beneficiou familiares, afirma Aécio



O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, disse em nota divulgada neste domingo (20) que não houve favorecimento a sua família na construção de um aeroporto pelo governo de Minas Gerais dentro da propriedade de um parente.

A Folha revelou no domingo que, no fim do segundo mandato de Aécio como governador de Minas Gerais, o Estado gastou quase R$ 14 milhões para construir no município de Cláudio um aeroporto num terreno cujo dono é Múcio Guimarães Tolentino, tio-avô do candidato tucano e ex-prefeito da cidade.
Aécio usou seus perfis nas redes sociais para contestar a reportagem da Folha. "O aeroporto foi construído em área pertencente ao Estado, não havendo investimento público em área privada", afirmou o candidato tucano.


"Não houve nenhum tipo de favorecimento", disse. "Tanto que o antigo proprietário da área não concordou com a desapropriação e contesta suas bases na Justiça."
A área foi desapropriada pelo Estado antes da execução da obra, mas o tio de Aécio contesta na Justiça o valor proposto pelo governo para a indenização, que ainda não foi paga. Com a desapropriação, o Estado obteve a posse do terreno, mas ele só poderá ser registrado em nome do governo após o pagamento.
Aécio disse que o governo estadual entregou em julho de 2011 toda a documentação necessária para a homologação do aeroporto pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). "Assim como vários outros aeroportos no Estado, [o de Cláudio] aguarda a conclusão do processo", disse. Em maio deste ano, a Secretaria Nacional da Aviação Civil assinou convênio com o governo mineiro para que assuma a operação do aeroporto.
A Prefeitura de Cláudio enviou nota à Folha dizendo que as chaves do aeroporto ficam com a prefeitura, e não com a família de Múcio Tolentino.
REPORTAGEM
Como a Folha mostrou neste domingo, os familiares de Aécio ficam com as chaves do portão do aeroporto e o administram na prática. Aécio não fez comentários sobre isso na nota que distribuiu neste domingo. Na semana passada, a assessoria da Anac informou à Folha que ainda não recebeu todos os documentos necessários para a homologação do aeroporto e que, por isso, o aeroporto opera de maneira irregular.
A ação de desapropriação do terreno onde está o aeroporto foi iniciada pelo governo mineiro em março de 2008. O Estado fez depósito judicial de R$ 1 milhão para garantir o pagamento da indenização. Em maio deste ano, a Justiça nomeou um perito para avaliar o imóvel.
O chefe de gabinete da prefeitura da cidade, José Vicente de Barros, disse à Folha na semana passada que interessados em usar o aeroporto precisam pedir autorização à família de Múcio e indicou seu filho Fernando Tolentino, que é primo de Aécio, como responsável pelo aeroporto.
Fernando afirmou que Aécio usa o aeroporto sempre que visita a cidade, onde sua família é proprietária da Fazenda da Mata. Indagado pela Folha sobre a frequência com que usa o aeroporto, Aécio não respondeu na semana passada. Ele não se manifestou sobre isso domingo.
Antes de o aeroporto ser construído, havia no local uma pista de pouso de terra. Ela também foi construída pelo governo de Minas, em 1983, quando o Estado era governado por Tancredo Neves (1910-1985), avô de Aécio, e Múcio era prefeito de Cláudio.

Obtido de: http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/07/1488879-aeroporto-nao-beneficiou-familiares-afirma-aecio.shtml

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Com recursos públicos, Aécio constroi aeroporto na fazenda do tio

Governo de Minas fez aeroporto em terreno de tio de Aécio



O governo de Minas Gerais gastou quase R$ 14 milhões para construir um aeroporto dentro de uma fazenda de um parente do senador tucano Aécio Neves, no fim do seu segundo mandato como governador do Estado.
Construído no município de Cláudio, a 150 km de Belo Horizonte, o aeroporto ficou pronto em outubro de 2010 e é administrado por familiares de Aécio, candidato do PSDB à Presidência.
A família de Múcio Guimarães Tolentino, 88, tio-avô do senador e ex-prefeito de Cláudio, guarda as chaves do portão do aeroporto. Para pousar ali, é preciso pedir autorização aos filhos de Múcio.
Segundo um deles, Fernando Tolentino, a pista recebe pelo menos um voo por semana, e seu primo Aécio Neves usa o aeroporto sempre que visita a cidade. O senador, sua mãe e suas irmãs são donos da Fazenda da Mata, a 6 km do aeroporto.
Dono do terreno onde o aeroporto foi construído e da fazenda Santa Izabel, ao lado da pista, Múcio é irmão da avó de Aécio, Risoleta Tolentino Neves (1917-2003), que foi casada por 47 anos com Tancredo Neves (1910-1985).
A pista tem 1 km e condições de receber aeronaves de pequeno e médio porte, com até 50 passageiros. O local não tem funcionários e sua operação é considerada irregular pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
A agência federal informou à Folha que ainda não recebeu do governo estadual todos os documentos necessários para a homologação do aeroporto, procedimento exigido por lei para que ele seja aberto ao público.
Sem se identificar como jornalista, o repórter da Folha procurou a Prefeitura de Cláudio na última semana como uma pessoa interessada em usar o aeroporto da cidade.
O chefe de gabinete do prefeito, José Vicente de Barros, disse que Múcio Tolentino deveria ser procurado. "O aeroporto é do Estado, mas fica no terreno dele", afirmou. "É Múcio quem tem a chave."
Indicado por Barros, Fernando Tolentino logo se prontificou a abrir o portão do local. "Ele fica dentro da nossa fazenda", disse. "O aeroporto está no final do processo, mas, para todos os efeitos, ainda é nosso."
Indagado se seria necessário pagar pelo uso do espaço, Fernando respondeu: "Não, o trem é público, vai cobrar como?" Segundo ele, Aécio visita a fazenda da família em Cláudio "seis ou sete vezes" por ano e vai sempre de avião.


Procurado posteriormente pela Folha, ele negou administrar o aeroporto: "Não tenho nada a ver com isso". Indagado sobre a frequência das visitas à cidade e o uso do aeroporto, Aécio não respondeu.
Com 30 mil habitantes, Cláudio é rodeada por fazendas. Economicamente, sua importância é modesta. A vizinha Divinópolis, a 50 km, já tinha aeroporto quando o de Cláudio foi construído. A obra foi executada pelo Deop (Departamento de Obras Públicas do Estado) e fez parte de um programa lançado por Aécio para aumentar o número de aeroportos de pequeno e médio porte em Minas.
O governo do Estado desapropriou a área de Múcio Tolentino antes da licitação do aeroporto e até hoje eles discutem na Justiça a indenização. O Estado fez um depósito judicial de mais de R$ 1 milhão pelo terreno, mas o tio de Aécio contesta o valor. Seu advogado, Leandro Gonçalves, não quis falar sobre o caso.
Antes de o aeroporto ser construído, havia no local uma pista de pouso mais simples, de terra. Ela foi construída em 1983, quando Tancredo era governador de Minas e Múcio era prefeito de Cláudio, terra natal de Risoleta.
Orçado em R$ 13,5 milhões, o aeroporto foi feito pela construtora Vilasa, responsável por outros aeroportos incluídos no programa mineiro. O custo final da obra, somados aditivos feitos ao contrato original, foi de R$ 13,9 milhões.